Renascimento das sombras (I)

Renascimento das sombras, fanfic Uragiri wo Boku no Namae wo Shitteiru

By C.C.

I - Salvamento da dor

  - Ainda podes desistir Kanata-san!

  - Eu já disse que abandonei o nome Kanata Wakamiya à muito tempo!

  - Reiga...

  - Morram!!!

***

  Toca o despertador. Uma rapariga sonolenta arrasta-se da cama até ao armário. Pega no uniforme escolar e mete-o em cima da cama. Vai até à casa de banho e depois até à cozinha tomar o pequeno almoço. Volta ao quarto, veste o uniforme, pega na mala e sai de casa para a estação do metro.

  - Odeio saias! Porque é que ainda ninguém pensou em usar calças em vez de saias nos uniformes escolares femininos!? - Reclama para si.

  Chega à estação e vai ao encontro de uma rapariga com um uniforme igual ao dela.

  - Bom dia Sakura.

  A rapariga vira-se para ela. Tinha uns grandes olhos castanhos, um pouco borrados do rimel posto à pressa, e um cabelo castanho-chocolate.

  - Oh, bom dia Yume. Não te tinha visto chegar.

  - Eu percebi.

  O metro delas chega. Sentam-se num banco perto da porta.

  - Como foi o teu fim-de-semana?  - Pergunta Sakura.

  - Normal, acho eu. Fui ao shopping com os meus pais e tentei comprar uma camisola linda que estava lá. Missão falhada.

  - Estou a ver. Eu pedi um casaco à minha mãe e ela disse "Espera pelo Natal que a vida não está fácil".

  - Pelo Natal? Faltam quase seis meses!

  - Pois.

  Chegam à escola. Uma multidão juntava-se ao portão. Quando entram uma rapariga vem na direcção delas.

  - Yume-chan!!!

  Era loura de olhos azuis e parecia saida de um manga. Tudo nela era perfeito.

  - Bom dia Eve. - Cumprimenta Yume. Sakura imita.

  - Vocês nem sabem o que aconteceu!

  - Pois não, mas de certeza que nos vais contar. - Diz Sakura já sabendo como Eve era.

  - Pois vou. O Jenus da classe C foi mudado para a nossa classe! - Eve estava tão excitada que até mandou um gritinho de alegria.

  - Esse não é aquele do basquetebol? - Pergunta Sakura levando a mão à cabeça para ilustrar que estava a tentar lembrar-se de quem era.

  - Exato. Aquele monumento louro de olhos azuis... - Suspira Eve.

  Yume simplesmente ouvia.

  - Não dizes nada Yume-chan? - Questiona Eve.

  - O que queres que diga? Que bom que ele vai para nossa classe. Tu ficas feliz e temos um colega novo. - Responde indiferente.

  - Por favor Yume-chan, às vezes és tão simples e despreocupada que até parece que estás com a cabeça na lua. - Reclama Eve.

  - Desculpem. Estava a pensar. Voltei a ter um daqueles sonhos esquisitos.

  - Outra vez? Não achas melhor ir ao médico? - Aconselha Sakura.

  - São sonhos, não alucinações. - Brinca Yume.

  Dá o sinal de entrada. Elas dirigem-se à sala enquanto conversam. "Salva pelas aulas...", pensa Yume.

***

  As aulas terminam e como o metro até casa de Yume era uma hora depois ela decide ir a pé.

  Ia a passar pelo parque quando é abordada por um menino pequeno.

  - Nee-san, podes dizer-me as horas?

  - Claro pequeno, são 16:30h. Estás sozinho?

  - Sim...

  - Os teus pais?

  - Estão a trabalhar.

  - Onde é a tua casa?

  O menino aponta para um prédio do outro lado da estrada.

  - Eu levo-te. - Diz Yume, e dá a mão ao menino.

  Ao longe duas pessoas observam.

  Yume e o menino chegam à frente do prédio. Quando Yume vira costas para se ir embora o menino agarra-a pelo casaco.

  - O que foi? - Pergunta Yume sorrindo.

  O menino olhava para Yume com um olhar de raiva e um sorriso sinistro. É aí que ela vê no pescoço do menino uma tatuagem.

  "Aquilo não é uma tatuagem qualquer. É como a daquele homem do outro dia na praça.", pensa Yume recordando-se da última vez que tinha sido atacada por um Duras (ela chamava-os "possuidos").

  O menino puxa-a para baixo e tenta torcer-lhe o braço.

  - AH! - Grita Yume. - Porque fazes isto?

  - Prepara-te para morrer. Mas antes vou torturar-te.

  Quando Yume se preparava para desistir passa-lhe no campo de visão bolas de cristal azuis a flutuar que acertam no menino e criam uma gaiola de ferro no ar com um homem lá dentro. O corpo do menino cai inconsciente.

  - Tirem-me daqui! - Grita o homem dentro da gaiola. Tinha uma cor de pele branca azulada e uma tatuagem que ia do pescoço até ao olho direito.

  - Agora Hotsuma! - Diz um rapaz para o outro que estava ao seu lado.

  - Criaturas da escuridão... - O rapaz caminhava até à gaiola.

  Yume ajoelhada no chão, olhava. Chamas começavam a fluir para fora do corpo dele. "Ele está a arder?", pergunta ela mentalmente.

  - ...Ardam nas chamas do Inferno! - As chamas atacam a gaiola e ouve-se um grito estridente.

  A gaiola e o homem lá dentro desaparecem ficando uma espécie de cristais a cair  como neve.

  O rapaz das bolas de cristal aproxima-se de Yume e estende-lhe a mão. Ela aceita um tanto relutante.

  - Estás bem? - Pergunta.

  - Sim... Acho que sim. - Responde Yume.

  - O meu nome é Shusei Usui.

  Ele sorria.

  - Yume. Yume Iku.

  O outro rapaz aproxima-se

  - Este é o Hotsuma Renjo. - Apresenta Shusei.

  - Muito prazer. Yume. - Retribui Yume para Hotsuma.

  - Muito prazer?! Mas tu és maluca?!

  - Como? - Yume fica confusa.

  - Por acaso não reparas-te que esse miudo não era normal? - Berra Hotsuma.

  - Sim, mas...

  - Então poruqe não fugis-te? Se não estivessemos aqui perto tinhas morrido, idiota!

  - Hotsuma. - Shusei mete a mão no ombro de Hotsuma.

  - Agora não! Não enquanto ela não perceber!

  Yume inclina-se:

  - Desculpem por dar trabalho. Prometo ser mais cuidadosa.

  - Pff. - Hotsuma suspira. - Shusei, pega no garoto, vamos levá-lo. Quanto a ti, podes ir sozinha?

  - Claro. Obrigado por me salvarem. - Yume afasta-se. - Tenho de ir ao hospital, acho que parti o braço.