46 – Chegada Do
Inimigo
Era impressionante
a visão que se tinha da cidade. As crianças já tinham sido evacuadas. Por mutuo
acordo acharam por bem escondê-las na escola Okane. Sakai Ryu e alguns alunos
ficariam encarregues de os proteger.
Qualquer pessoa que
saísse ou se encontrasse na rua estava armada com todo o tipo de objetos e
alguns até vestiam coletes anti-bala. O primeiro chefe Supremo com certeza
ficaria orgulhoso daquela situação.
As encarregadas de
liderar o exército da cidade seriam Analie e Syrena. Por muitas desavenças que
tivessem não deixavam de ser uma dupla infalível, mesmo que não admitissem.
Um estrondo seguido
de uma enorme nuvem de fumo chamam a atenção de toda a cidade para o portão
principal. A primeira linha de ataque, onde se encontravam as duas mulheres de
Blue, prepara-se.
Por entre o fumo
começa a distinguir-se a silhueta de algo grande, muito grande.
- Aquilo é um
tanque não é? É um tanque!? – Analie observava pelos binóculos com um ar
estupefacto.
Syrena limitava-se
a olhar para o “monstro” de guerra que saía da nuvem de fumo.
- Porque raio é que
eles têm um tanque? Isto já é demais! Ninguém me falou disto! – Continuava a
mulher a reclamar.
Uma gargalhada ecoa
por trás delas. O som divertido misturado com uma pitada de loucura faz os
pêlos da nuca dos homens se arrepiarem. Não era preciso virarem-se para saberem
a quem pertencia tal atitude.
- Alice Yoru… – A
voz de Syrena soava tão rude quanto a sua expressão de asco.
- Então idiotas?
Assustados com aquele brinquedinho? – O sorriso não desaparecia dos lábios da
serial killer.
“Estamos é
assustados contigo!”, pensavam os presentes.
Pelo silêncio e
falta de ação ninguém diria que um inimigo estava cara a cara com eles.
Infelizmente o
inimigo não pensava assim:
- CUIDADO!
Não sabiam se
ficavam espantados com o ataque repentino ou com o que se seguiu.
Assim que o barulho
do disparo do tanque se ouviu, enquanto todos se preparavam para fugir, Alice
Yoru agarrou numa bazuca e atirou.
Ambos os projécteis
chocam causando uma explosão digna de uma verdadeira guerra mundial. O impacto
faz com que alguns dos homens sejam atirados violentamente para longe.
Ainda zonzos,
alguns até com pequenas feridas, começam a levantar-se. Incrivelmente Alice
continuava de pé apoiada na bazuca com um sorriso sinistro nos lábios. Um
filete de sangue escorria da sua testa. Pensando bem parecia que ela encarava
alguém do outro lado da cortina de fumo, pó e detritos.
Quando se ouvem
gritos de guerra e vultos começam a ficar visíveis já todo o exército estava
preparado. De armas em punho e ansiosos para o que aí vinha a ordem das mulheres
encarregues da chefia ecoa pelo meio deles:
- Matem-nos!!!
***
Os tiros
acompanhados de gritos banhados de terror já se faziam ouvir nos quatro cantos
da cidade. Como era de se esperar o grande aparato na entrada principal serviu
quase exclusivamente como distração enquanto os outros pontos de entrada eram
dizimados e ultrapassados. Cada chefe colocara barreiras nas suas fronteiras
para que o único caminho possível fosse para Black, que iria ser, mais uma vez,
o palco do confronto.
Entre toda aquela
paisagem de guerra algo se destacava por não fazer sentido. A porta do White
Bar encontrava-se aberta como em qualquer outro dia normal. Mesmo que a
confusão ainda não tivesse chegado até lá aquela atitude impensável deixava os
cidadãos receosos. Era tal e qual uma provocação.
O cheiro a café
quente passava pela porta espalhando-se pelos arredores e se não fosse pela
situação atual muitos teriam ido até lá. Isso e a ideia fixa de que aquele era
um convite não dirigido a eles.
O vapor fumegante
voava da chávena até desaparecer levado pela brisa. Sentada na cadeira a
Informadora encarava o liquido castanho. O silêncio reinava. Depois de se ouvir
o primeiro estrondo Raven desaparecera imediatamente e convencer Kenji a ir
também não demorou muito mesmo que contra a sua vontade.
Sozinha naquele
bar, Sam ouve os passos que anunciavam a presença de alguém:
- Tenho de admitir
que não era a tua visita que eu esperava.
- Isso é muito
cruel Marechal*. – Um homem com um sorriso misterioso senta-se me frente à
mulher.
- Suponho que não
estejas aqui para me matar.
- Pode não parecer
mas sou um homem inteligente.
- Então o que te
traz aqui?
- Não acreditaria
se eu dissesse que é apenas uma inocente visita?
- Sou uma mulher
inteligente.
Uma gargalhada
faz-se ouvir ecoando pelo bar vazio.
- Vim apenas ver
como estava depois do nosso último encontro. Eles foram muito malvados.
- Charlles, abre o
jogo. Somos inimigos e eu conheço-te o suficiente para saber que estás a
planear algo.
O homem levanta-se,
pega na chávena e bebe:
- É um ótimo café.
– Começa a dirigir-se para a saída. – Marechal, sabe que eu sou só um
espectador. E ele veio para matar. Qual dos dois ficará de pé no final?
*A mais alta patente do exército
#Imagem de Charlles na página dos personagens ^^
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