Zona Obscura - Quadragésimo oitavo

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48 – Chuva De Sangue

  Havia lutas por todo o lado. Nem nos melhores dias de matança a cidade ficava daquela maneira. Até Raven estava impressionada. Seria seguro dizer que só naquela noite já matara quase tantas pessoas como em toda a sua vida de serial killer. Depois daquilo teria de fazer uma tatuagem que homenageasse todas aquelas pobres almas que tiveram o infortúnio de se cruzarem com ela.
  Enquanto lutava sentia a sua mente a clarear. O cheiro do sangue, o barulho dos gritos, a sensação de uma faca a enterrar-se na carne. Tudo isto era um grande escape para o seu stress diário.
  De vez em quando via alguém conhecido, mas estavam tão animados que não davam a mínima importância aos que os rodeavam.
  E foi então, perante mais uma morte, que eles apareceram.

  Não foi preciso dizer quem eram pois a própria aura deles anunciava isso.
  O alarme mental do perigo ativou-se em quase todos os habitantes de Zona Obscura. Mesmo a serial killer percebeu o quão difícil iria ser matar aqueles quatro homens.
  A linha da frente entrou automaticamente em modo defensivo. Era como ver uma luta de lixeira onde os gatos tentavam defender as latas do lixo dos imponentes corvos.
  Outra coisa que chamou a atenção da mulher que acabara de pegar uma metralhadora do chão foi o facto de o Supremo estar ali no meio do campo de batalha.
  Era verdade que a presença do chefe absoluto aumentaria consideravelmente a confiança dos cidadãos mas não era muito arriscado meter assim a cabeça do líder a prémio? Era como se o oferecessem ao inimigo. Fora isso ter a oportunidade de assistir em primeira pessoa à combinação letal dele com Dan também tornava aquilo impressionante.
  A tensão no ar intensificou-se a níveis históricos. Se fosse um filme de cowboys naquela altura estaria uma planta rolante a passar entre eles com a brisa a bagunçar-lhes os cabelos.
  - Curvem-se perante mim seus insetos! – Wallace num ato de coragem, ou sobrecarga de adrenalina, arranca a pistola das mãos de Niall e corre para o grupo a disparar.
  As tentativas de o parar são todas em vão e o barulho de uma moto-serra é a ultima coisa que se ouve antes de um jato vermelho subir ao céu e ofuscar a visão deles.

  O corpo, ainda em espasmos, cai ao chão numa poça de sangue com a lamina da ferramenta a triturar carne, ossos e vísceras.
  Em cada canto o som de alguém a vomitar abafava por momentos o choque.
  A imagem daquele homem era impossível de dissipar.
 As roupas e face cobertas de manchas de sangue, os olhos irradiando uma forte sede de loucura, a respiração acelerada com um filete de saliva a escorrer pelo canto da boca. A personificação de um cão raivoso à procura de carne fresca para comer. E o corpo do chefe de Brown a servir de cenário bizarro para aquele espetáculo.
  - Mais! Mais! Mais! MAIS! Venham seus porcos! Eu, Vlad, serei o vosso ceifador! – A gargalhada ecoava como uma sentença de morte enquanto o homem desenterrava a moto-serra do corpo aos seus pés empurrando-o para fora do seu caminho como se não passasse de uma pedra no asfalto.
  Nesse meio tempo de distração os outros três acabaram por desaparecer e as lutas recomeçaram ainda mais violentas. Afinal agora o desejo de vingança era mais forte que a vontade de divertimento.
  - Precisamos de tirar de lá o corpo do Wallace. Ele podia ser um cabrão mas era um de nós e não aguento mais ver aquele filho da puta a profaná-lo daquela maneira. – Fala Johnathan com puro asco na voz.
  - Concordo. Se bem que não usaria um vocabulário tão rude. – Responde Davis aparando mais um golpe e eliminando o inimigo à sua frente.
  - John, não devias deixar a tua filha sozinha. Ela parecia com problemas lá atrás. – Adam aparece ao lado deles.
  - O quê?! Hana!!!
  - Mentir não é educado caro Adam. – O chefe de Grey encara o colega enquanto Johnathan corre ao encontro da filha.
  O líder de Orange encolhe os ombros:
  - Com aquele temperamento ele só ia atrapalhar. Nós dois somos mais que suficientes.
  Ao longe Raven derrubava mais um grupo de inimigos. Depois daquele show dos horrores podia dizer que já tinha visto de tudo.
  Pior do que isso o seu enjoo não passava. Não era por ver o sangue ou as entranhas de alguém pois ela própria arrancara algumas, noutras ocasiões. Mas aquele homem é que a fazia sentir-se assim. Odiava homens mas aquele em particular trazia o pior de si para fora.
  Por outro lado Vlad também encarava a serial killer. Se bem se lembrava ela era uma dos alvos prioritários a eliminar.
  Eles foram caminhando um em direção ao outro de armas em punho.
  - És minha, porca.
  - Tiraste-me as palavras da boca, lixo.

#Imagem de Vlad na página dos personagens!#

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