51 – Vemo-nos No
Céu
Uma racha. Uma
rachadura podia ser tudo o que era preciso para acabar com a guerra com uma
derrota. Não seria assim tão simples mas se aquela máscara caísse assinariam o
próprio fim.
Sendo assim
proteger a máscara, e consequentemente o homem por trás dela, era crucial. Tarefa
que ficara a cargo dos dois homens mais competentes da cidade, Damon e Dan.
Não podiam negar
que a situação estava difícil. Afinal tudo o que o inimigo queria era fazer
check-mate e para isso precisavam eliminar o rei. Como tal eram como abelhas em
volta do mel e isso incluía deixar os três homens sem sequer um minuto de
descanso.
- Realmente isto
faz-me lembrar dos meus tempos de juventude. – Comenta Dan juntando-se
novamente ao Supremo depois de mais um ataque.
- Pareces um velho
a falar. Foram só cinco anos.
- Cinco anos na tua
companhia já me fizeram muitos cabelos brancos.
Damon apenas ouvia
a conversa entre os dois. Mesmo querendo não podia participar e gostava de se
lembrar do passado. Naquele caso recordava-se bem de quando conhecera Dan. Tempos
difíceis…
*Cinco anos atrás*
Acabara de receber
alta do hospital. Segundo os médicos fôra um milagre ter sobrevivido de tamanho
golpe.
As suas cordas
vocais cortadas, sem poder falar, Zona Obscura quase destruída, o Supremo morto
e a sua irmãzinha Letty a chorar no seu colo. Para Damon aquilo não era milagre
nenhum, era o Inferno.
Mesmo assim não podia
desistir. Como braço direito do Supremo era obrigação dele abrir o testamento
do próprio e eleger o próximo chefe absoluto. As vilas que haviam perdido os
seus lideres também já deviam estar a organizar a escolha dos sucessores para o
mais depressa possível.
Estava desamparado.
Achar o pretendente designado pelo último desejo do Supremo fora fácil, o
problema é que teria de encontrar alguém que ocupasse o seu lugar. Agora sem
voz era inútil.
Na verdade ele já
tinha conversado sobre o assunto e agora que se lembrava recordava-se do nome
que o seu chefe tinha sugerido.
Não era difícil encontrá-lo.
Toda a gente sabia onde ele se escondia mas ninguém se aventurava a lá ir.
Damon entra sem
cerimónia nem medo. Pouco se importava se era o serial killer mais perigoso de
Black.
O homem também não parecia
temê-lo ou incomodar-se com a sua presença. Fumava um cigarro sentado num cadeirão
velho e empoeirado. A arma na mão em desafio.
Ninguém falava, um
por não poder outro por simples capricho.
Um envelope voa
para a mão do serial killer:
- Isto é uma
brincadeira? – A pergunta ecoa pelo prédio vazio. – Queres que eu seja o
cãozinho do Supremo? Tenho cara de lambe botas por acaso? Sabes quantos otários
como tu eu matei? Achas mesmo que vou cair nesta porcaria de acordo?
O monólogo de interrogações
continuou perante a inexpressão de Damon. Para ser sincero esperava que ele
começasse logo aos tiros por isso até era um bom principio.
- Não brinques
comigo! – E pegou na arma…
*Agora*
Um tiro interrompe
a linha de lembranças do ex-braço direito.
Uma mancha
encarnada ofusca por momentos a sua visão.
O corpo de Dan
cravado de balas cai nos braços do Supremo.
Graças a alguns
reforços conseguiram uma brecha para levá-lo para um lugar abrigado.
Era impossível estimar
quantos órgãos tinham sido atingidos e a quantidade de sangue que forçava a
passagem pela sua boca deixava adivinhar que não lhe restava muito tempo.
- Dan, fala comigo.
estás a ouvir-me? – O Supremo chamava em beira ao desespero.
Não conseguia
acreditar que, mais que colega ou subordinado, o amigo estava a morrer nos seus
braços. Por sua culpa.
Com um esforço
trazido pelo sopro da morte, Dan levanta um braço e puxa o Supremo para perto
de si:
- Fukuwa…
- Não fales!
- P-Preciso de te
dizer… Tens de esperar por ela e continuar sem mim. Cuida-te seu idiota.
E os olhos
fecharam-se com um sorriso banhado em sangue.
0 Comentários de "Zona Obscura - Quinquagésimo primeiro"
Obrigado por comentarem. O Jornal Anime agradece. Estão no meu kokoro o.<