Zona Obscura - Quinquagésimo

50 – Jardim De Cadáveres

  O jardim da mansão de Black à muito que perdera a beleza que costumava envergar. A palete de cores que o formava rapidamente se transformou num monocromático vermelho.

  Era nestas alturas que se lamentava por estar certo. Assim que ouvira aquela maldita música sair dos lábios de Akamachi que Patrick soube que ia voltar tudo a acontecer. Não queria aquilo outra vez. Sempre que ouvia um disparo, um grito, imaginava que podia ser alguém da sua vila. Alguém que conhecesse, alguém que gostasse. E novamente via aquela pessoa morrer.

  A única coisa que o mantinha focado era a loucura forçada do líder de Red, que visivelmente fazia aquilo porque percebia a confusão em que o colega se encontrava.

  Apesar de ninguém o levar muito a sério devido à sua personalidade peculiar o chefe de Blue gostava dele o suficiente para lhe confiar a proteção das suas costas.

  Graças a uma explosão acabaram por ficar praticamente isolados dos outros na proteção da mansão principal e a coisa começava a ficar cada vez mais complicada.

  Akamachi estava literalmente cercado. Mesmo eliminando os inimigos que conseguia era como lutar contra uma hidra, corta-se uma cabeça e crescem duas.

  O som de algo a atravessar o ar a grande velocidade capta a atenção do homem que conseguira rastejar para fora daquela prisão humana deixando uma granada no seu lugar. Não podia negar. Fosse o que fosse aquele objeto voador não conseguiria desviar-se nem defender-se a tempo. Seria o fim para ele também.

  Sendo assim, aceitando a realidade da sua morte, o chefe de Red abre os braços em forma de consentimento.

  De olhos fechados, pronto para “partir”, o zunido é parada por outro seguido de um “clack”.

  Abrindo um olho confirma que não está morto:

  - Desculpa? Este era o meu momento! Numa morte à Neji*!

  - Não faço ideia do que estás a falar, mas não precisas agradecer. – Ironiza Patrick que acabara de salvar a vida do amigo desviando a rota de uma flecha com uma pedra.

  - Olha, está ali alguém Patrick-kun. – Aponta Akamachi para a entrada do jardim.

  Por entre todos os inimigos uma figura destacava-se. Tanto pela arma pouco convencional como pelo traje e porte que envergava.

  - Parece que já sabemos quem é que matou os nossos vigias.

  - Oh, então ele deve ser um dos generais!

  - Akamachi isto não é um daqueles teus jogos japoneses.

  - Eu sei! Que cruel! – Ele começa a fazer beicinho. – Oh, ele vai atirar.

  Os dois chefes metem-se em posição defensiva. Aquele seria um oponente difícil e como se não bastasse começava a chegar mais.

  Uma moto, o motor de uma moto ouve-se de longe. Durante uma guerra isso não tinha qualquer importância por isso ninguém ligou. Defenderem-se daquelas setas que mais pareciam torpedos era prioridade.

  O barulho aproximava-se mais, como um inseto a esvoaçar em volta das cabeças.

  Cada vez mais perto aquilo já incomodava.

  - Está a voar! – Grita Akamachi estupefacto olhando para o muro.

  A maldita moto finalmente dá as caras. Se não estivessem todos a ver o mesmo poderiam julgar que estavam doidos. O veiculo literalmente voava por cima do muro do jardim com o único homem em cima capaz de fazer algo daquele género, Sakai Ryu.

  - Ryu-kun, sugoi**!!! – O líder de Red estava totalmente impressionado.

  - Mr. Patricki, Mr. Akamachi, – O general acabara de os cumprimentar ao som da explosão da moto da qual saltara. – parecem com problemas. Acho até que já entraram alguns lá dentro. Tomem conta disso que trato deste cavalheiro, não é caro Yakumo? Pergunto-me o que faz um Yakuza*** por estas bandas.

  O homem mantém-se em silêncio apenas observando.

  - Nunca foste de grandes conversas. E que tal relembrar os velhos tempos?

  Yakumo coloca o arco às costas.

  - Isto vai ser divertido.

*Personagem do anime Naruto

**Fantástico em japonês

***Máfia japonesa

#Imagem de Yakumo na página.#