Zona Obscura - Quinquagésimo sexto

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56 - Poder Demoníaco

  Impressionados não se comparava sequer à verdadeira dimensão do espanto que os dois lideres tinham estampado nas suas caras.
  Não fora uma tarefa difícil eliminar os "ratos" que por pura sorte, ou azar, conseguiram esgueirar-se para dentro da mansão de Black. Eram tão inofensivos que quase davam para servir de mobília. Mesmo assim nenhum escapou para contar a história, por muito fracos que fossem não se poderia deixar escapar o facto de que era possivel terem visto algo que não deviam, tornando-os então reais ameaças. Mas a surpresa não vinha daí. Ao regressarem o mais depressa que conseguiram ao jardim contando ajudar o general, Patrick e Akamachi depararam-se com uma visão que nunca antes imaginaram.

  A diferença entre eles era gigante, para não dizer esmagadora. Enquanto o homem conhecido por Yakumo tentava frustradamente acertar Ryu este apenas desviava como se tudo o que ele fizesse fosse em câmara lenta e conseguisse ver todos os seus movimentos. Era como lutar contra uma criança, havia até momentos que ele colocava as mãos nos bolsos continuando a desviar sem dificuldades.
  Um pontapé no estômago acompanhado de um bocejo atira o yakuza para chão.
  - Mister Yakumo, já podemos terminar? Não vejo o porquê de continuar a maltratar-se desta maneira.
  O homem levanta-se com o dobro da raiva no olhar. O sorriso de Sakai alarga-se. Há tanto tempo que não se divertia assim, especialmente depois que Sam deixou de treinar consigo. Não se importava de perder todas as vezes, a adrenalina de lutar com aquela mulher dava-lhe tudo o que poderia desejar. Era até melhor que sexo. Mas desta vez teria de se contentar com o inimigo que lhe calhara. Os olhos que espelhavam a imagem da morte davam-lhe grandes expetativas.
  Mais uma ronda começa. Se até agora levara aquilo a brincar, num ato provocativo, desta vez seria sério. Queria dar o seu melhor, mostrar quem era, soltar-se, enlouquecer. E aquela pessoa seria o seu alvo, sem piedade, sem remorsos, apenas loucura.
  Yakumo corre para Sakai. A troca de golpes parecia mais equilibrada de inicio mas depressa a balança passa a pender para o lado do general. Mesmo que quisessem acreditar que aquilo se devia ao rigido treinamento militar que recebera, e de facto era uma das razões, não era apenas isso que o fazia ser tão forte, e cruel.
  A cabeça do yakuza sangrava após o violento chute que levara ao ser atirado ao chão.
  Ninguém dizia nada. Patrick esperava que com este final o inimigo desistisse daquela luta sem sentido que caminhava para a beira da tortura. Infelizmente, Yakumo não ia desistir. Não fosse por vontade própria, tinha como missão eliminar o homem à sua frente.
  Uma seringa é tirada do bolso dele. Ryu olhava levemente interessado ao aperceber-se do que aquilo poderia ser. As suas suspeitas confirmam-se quando ele espeta a agulha no pescoço despejando o líquido no corpo.
  "Agora percebo a confiança deles. Quem diria que depois de tudo ainda conseguiram reproduzir aquela porcaria. Interessante."
  Os olhos raiados de vermelho, as veias roxas e salientes e os espasmos involuntários que via no yakuza traziam-lhe alguma nostalgia. Azeda, mas mesmo assim nostalgia.
  Era uma aposta final. Caso a droga funcionasse o efeito não duraria infinitamente e em algum momento o seu corpo começaria a rejeitá-la e tornar-se-ia incapaz de se mover ou pior. Dentro das experiencias que realizara teria no máximo trinta minutos, acrescentando o peso da adrenalina entre outras hormonas reduziria para vinte minutos. Vinte minutos para matar o general Sakai Ryu.
  A diferença era notória. Os golpes antes banais agora obrigavam a uma defesa rígida. A velocidade também aumentara significativamente. Passara de uma luta de crianças para uma luta de monstros.
  As linhas arroxeadas espalhavam-se pelo corpo à medida que o relógio avançava. Um pequeno deslize no equilíbrio abre a chance perfeita para Yakumo que, com todos os sentidos, força e velocidade ao máximo, disfere um golpe primeiro na perna fazendo o general ajoelhar-se e depois direto na cabeça. O estalo ouvido seguiu-se do tombar do corpo.
  Yakumo apoia-se numa das estátuas quebradas do jardim. Os efeitos da droga já se faziam notar. Tinha de aproveitar o momento para terminar com aquilo.
  Arrastando-se, pega no arco às suas costa e encaixa uma seta. Acertaria um ponto vital só para ter a certeza. E praticamente à queima roupa a seta é disparada. Os olhos raiados de vermelho abrem-se em espanto acompanhados de uma poça de sangue que escapa da sua boca. Preferia acreditar que não passava de uma alucinação causada pela droga mas as sensações eram demasiado reais para contradizer.
  Assim que soltou a flecha, que pensou ser o fim da luta, tudo ocorreu em escassos segundos. Os olhos tapados pelo cabelo verde abrem-se demonstrando um brilho sinistro e o braço perfura o peito de Yakumo destruindo músculo e osso na sua passagem com uma força irreal.
  O sangue escorria pelo braço manchando a roupa militar de encarnado. Agora sim aquilo lhe recordava a guerra.
  O olhar quase opaco continuava a fitá-lo apenas agarrado à vida pela própria incredulidade da morte.
  Sakai Ryu começa a retirar o braço do corpo praticamente mórbido. O ferimento feito na sua cabeça já mal se via:
  - O que vocês chamam de poder, eu tenho dez vezes mais.

P.S: No video, Yakumo como Kougami (cabelo preto) e Sakai Ryu como Makishima (cabelo branco).

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