60 – Convite Para
O Inferno (Parte I)
5 anos atrás
Mais uma reunião mensal
terminara. Mesmo após dois anos ainda era difícil permanecer tanto tempo na
mesma sala que todos aqueles homens. Se o exército soubesse que aquilo que
tratavam como lixo tinha mais poder militar que muitos dos países que atacavam
e tinham como aliados era bem possível que despoletasse uma guerra.
De tempos em tempos
aconteciam alguns ataques vindos do exterior mas não passavam de coisas menores
e facilmente resolvidas.
Ser o chefe Supremo
de uma cidade como Zona Obscura mostrara-se uma tarefa bem mais simples do que
julgara no inicio. Liderar um grupo de pessoas como aquelas requeria muita paciência
e, claro, poder. Até agora conseguira sempre superar os desafios que lhe
proponham mas apesar de ser conhecida como a mais forte tinha consciência de
que haveria muitos do mesmo nível que ela.
Preparava-se para
tirar a máscara quando batem à porta. Contrariada ela acena a Damon para abrir.
O pior daquele trabalho era não poder falar e ter de usar constantemente a
máscara típica do chefe. O seu secretário explicara-lhe que aquilo servia para
minimizar os riscos externos mas em especial internos de se liderar uma cidade
da máfia. Se não soubessem quem era, a idade, o género, a aparência, seria mais
difícil ser julgada e até desafiada por ser quem é. E isso aplicava-se a todos
os chefes.
- Peço desculpa
pela intromissão mas gostaria de discutir um assunto com o Supremo em privado. –
Um homem elegante de cabelo rosa faz uma vénia.
- E que assunto é
esse que não pode ser falado em frente aos restantes, Mr. Félix?
O Supremo faz sinal
para que prossiga ignorando o pouco à vontade de Damon.
- Antes de mais
agradeço o presente de casamento que enviou, a Lola gostou imenso. Mas não foi
de todo isso que me trouxe aqui. Talvez seja egoísta da minha parte não falar
disto com todos mas não queria levantar o pânico. Acontece que há rumores de
uma nova força militar extremista.
- Como assim?
- Parece que
algumas pessoas importantes e com dinheiro decidiram juntar-se para “erradicar
o mal”. Eles contratam mercenários e compram exércitos para atacar países ou
organizações que acham que podem ser possíveis rivais.
“Onde é que eu já
ouvi isto. Não acredito que aqueles velhos nojentos tenham mesmo seguido em
frente com a ideia da utopia militar perfeita. Porcos malditos.”
Damon encara-a
lendo os seus pensamentos através da máscara.
- Acha possível eles
visarem-nos?
- Bom, mesmo não conhecendo
muito sobre nós algumas das façanhas daqui passam para fora. Tomei a liberdade
de enviar meia dúzia de espiões para averiguar a situação mas até agora ainda não
houve noticias.
- E isso foi à
quanto tempo?
- Uma semana.
O silêncio
instala-se. Não era preciso ponderar mais nada. Mais cedo ou mais tarde era de
se esperar que alguém se interessasse por eles e com as visitas de Damon ao
campo de treinos com certeza eles saberiam sobre ela. Podia apostar que estes
dois anos haviam sido para ter provas sólidas de que se encontrava realmente na
cidade. Desde inicio que eles se queriam ver livres dela mas tê-la afastada dos
assuntos não era o suficiente, ela sabia demais. Marechal Sam era uma ameaça a
ser extinta.
O Supremo quebra a tensão
chamando a atenção do seu secretário que se baixa até estar ao alcance da voz
do seu chefe:
- Preciso de sair
para investigar.
Os olhos de Damon
abrem-se de espanto mas antes que pudesse protestar lembra-se que não se
encontram sozinhos.
- Mr. Félix gostaríamos
que mantivesse este assunto em total sigilo enquanto fazemos uma inspeção por
conta própria.
- Por mim tudo bem
mas mais cedo ou mais tarde terá de contar aos outros. Claro, se isto
significar o que vocês pensam.
E com uma vénia o
homem retira-se da sala.
- Antes que digas
alguma coisa que não deves a minha resposta é não. – Afirma Damon sem dar
espaço de manobra para outras especulações.
- Eu preciso de ir.
Tenho que confirmar que não aconteceu nada com aquelas pessoas.
- Sam, tu agora
tens outras pessoas por quem te responsabilizar, não te esqueças do teu lugar.
A mulher levanta-se
da cadeira exalando uma aura selvagem como um animal a sentir-se ameaçado:
- Não penses que
por ter aceitado ficar aqui vou abandonar o meu passado.
Um suspiro ecoa
pela sala. Por muitos argumentos que usasse sabia que não a conseguiria
demover.
- Muito bem. Sendo assim
vou enviar alguém da minha confiança averiguar. Se entretanto não houver
noticias podes agir como entenderes.
***
O ódio latente que
sentia demonstrava-se pelo sangue que escorria da mão que apertava com força
suficiente para partir o pescoço de um cavalo. No seu colo o ultimo suspiro de
vida do homem que arriscara tudo para regressar com a informação que lhe fora
solicitada esvaía-se como uma folha levada pelo vento.
- Reunião de emergência.
Damon junta-os, uma guerra aproxima-se.
***
Devia ser no máximo
a terceira vez que o Supremo convocava uma reunião de emergência. Os nervos à
flor da pele eram quase palpáveis. Se havia algo que pudesse assustá-los era o “desconhecido”.
A insegurança de não saber o que iria acontecer podia ser o pior inimigo a
enfrentar.
- Senhores, antes
demais quero que percebam que o Supremo decidiu comunicar este assunto apenas
agora porque ainda não havia provas concretas do que se passava.
A ansiedade
aumentava mas ainda assim permanece o silêncio.
- Zona Obscura está
em vias de uma guerra eminente.
- Guerra?! Por favor,
por quantas vezes já não passamos por isto? – Ironiza Bernard desvalorizando a
sentença.
- Desta vez é
diferente. Não estamos a falar de meia dúzia de arruaceiros a tentar provar o
que valem, trata-se de um exército fortemente armado e treinado para matar.
Um dossiê é passado
aos chefes das vilas que ainda digeriam a informação que caíra como uma bomba
entre eles.
- Isto é tudo o que
reunimos nas últimas semanas. No espaço de quatro/cinco dias o exército irá
chegar à cidade com o propósito de a destruir e eliminar o chefe Supremo e os
outros nove chefes.
- O que pretende
fazer chefe? – Pergunta Patrick encarando os olhos por detrás da máscara.
- Precisamos
proteger o Supremo a qualquer custo. As vilas são secundárias. – Afirma
Johnathan seriamente.
- Enlouqueceste?! Queres
que morram todos por um único homem? – Grita Satan enfurecido.
- Vais
acovardar-te? Só és homem quando o teu couro não está em jogo? Dar ordens é
muito fácil quando se está atrás dos outros. – O sotaque carregado de Izaac
alfinetava o orgulho de alguns dos presentes que se reviam naquelas palavras
duras.
Num único gesto de mão
o Supremo cala a sala.
- Vamos todos lutar
para proteger esta cidade. Ninguém irá perecer, este será apenas mais um obstáculo
a ultrapassar. Por favor senhores comecem a preparar-se para o que aí vem e
tentem ao máximo evitar causar o pânico.
As portas da mansão
fecham-se assim que o último líder se retira. A máscara agora pousada em cima
da mesa revelava as olheiras vincadas da mulher.
- Damon, quero
pedir-te um favor.
O homem olha-a sem
se pronunciar. Um envelope desliza na superfície de madeira até ele.
- O meu testamento
como Supremo.
Não queria
acreditar no que ouvia. Testamento? Antes que pudesse dizer o que quer que
fosse ela pára-o.
- Calma. Não sou
assim tão boa pessoa para lhes dar o que eles querem tão facilmente.
- Qual é a tua
ideia?
- Encenar a minha
morte. Eles querem matar o Supremo porque sabem que sou eu, então se o Supremo morrer…
- Achas mesmo que
vai funcionar? Não te esqueças dos sacrifícios que terás de fazer para realizar
isso.
- Eu sei. Não te
preocupes, será apenas mais um peso que vou carregar comigo até morrer. Quando nos
voltarmos a encontrar no Inferno todos eles irão cobrar a sua parte.
- Sam…
- Vamos nos preparar
também. Ainda não é desta que vou fazer companhia ao Diabo.
2 Comentários de "Zona Obscura - Sexagésimo"
Ah xD finalmente peguei pra tirar a história do atraso, quero logo saber como a atual guerra vai acabar, mas as histórias do passado estão muito interessantes =)
Estou curiosa para saber quem é o Mestre da Alicia e o que se passa.
a história está ótima
beijinhos
Ps.: Não mate o Akamachi T^T UIODSIUAHSIDOU quase surtei antes do Patrick salvar ele, não mata o Patrick também (já estou pedindo demais xD UOADOASHIDHASDSDUO)
Ahahah nunca se sabe o que pode acontecer e quem a malvada da C.C decide matar XD Vais ficar surpreendida com o teu mestre (da Alicia). Ainda bem que estás a gostar ^^
Obrigado por comentarem. O Jornal Anime agradece. Estão no meu kokoro o.<