Zona Obscura - Sexagésimo segundo

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62 - Mar De Chamas

5 anos atrás
  Não tinha sido dificil deixar Zona Obscura. Sem a máscara era como qualquer outra pessoa que entrava e saía da cidade. Fora preciso esperar alguns dias escondida até ter uma oportunidade para poder sair. Nesse meio tempo aproveitou para saber quais tinham sido os danos sofridos. Para seu alivio Damon estava vivo, gravemente ferido mas iria sobreviver. Por outro lado as vilas de Brown, Orange e Grey estavam de luto por Mike, Satan e Izaac. E todos pela morte do Chefe Supremo.
  Engoliu o seu orgulho e abandonou aquele que se tornara o seu lar. Mas não por muito tempo.
  Viajou durante alguns dias parando apenas para abastecer, comer e dormir o suficiente para não ter um esgotamento. Conduzir servia como um escape para afugentar os pensamentos que a assombravam e cada vez mais perto do seu destino a culpa pelo que deixara no passado começava a aflorar.
  Soube que algo estava errado assim que se começou a aproximar e a vedação imponente de outrora se tornou visivel. Os evidentes sinais de abandono não foi o que mais lhe chamou a atenção quando chegou perto do portão mas sim o ténuo cheiro a fumo que pairava no ar.
  O que anteriormente havia sido um campo militar de renome nos dois anos que se ausentara transformara-se num terreno baldio ocupado apenas por corvos à procura de comida nos restos.
  Caminhava pelo passeio onde um dia passara diversas vezes recordando a vida que deixara para trás até que um barulho se faz ouvir.
  Algo que lembrava o som de madeira a estalar acompanhado de um odor ainda mais intenso a fumo.
  Seguindo os seus instintos Sam corre em direção ao que no passado fora o sitio mais tenebroso daquele lugar, o laboratório. Segundo as informações que juntara desde a saída da cidade apesar de terem fechado o plano militar havia rumores de que as experiências continuaram, quanto mais não fosse pelo aproveitamento do espaço.
  Assim que abriu, ou melhor arrumbou, a porta uma negra e espessa nuvem de fumo cobriu-a por completo fazendo-a recuar. Parece que os seus medos se revelavam fundamentados.
  Tapando o nariz e a boca com um bocado de tecido que arrancara da camisola entrou. As memórias desagradáveis que afloravam causadas por aquelas paredes e corredores apertados eram dissipadas pelo aumento da quantidade de fumo que parecia aglomerar-se naquele espaço.
  Pecorreu todas as salas e mais algumas que nem sabia que existiam e não encontrou nada. Nem pessoas nem a origem do suposto fogo, o que tornava a situação cada vez mais suspeita.
  Foi então que uma explosão abalou por completo o edificio e o cheiro que se misturava ao fumo lhe indicou o caminho. De repente tudo na sua cabeça passou a fazer sentido. Por muito que tivesse decaído uma base militar daquelas não seria entregue ao abandono de qualquer maneira. Isso e a quantidade de testemunhas que sabiam dos segredos que eram mantidos ali. Resumindo, os que eram ou poderiam vir a ser úteis forem recrutados para o exército mercenário que fora praticamente dizimado em Zona Obscura e os restantes ficaram para continuar as experiências. Mas agora que o exército se provara inútil em batalhas reais não fazia sentido manter os "ratos de laboratório" o que levava apenas a uma solução. Erradicá-los.
  As janelas de vidros blindados que a separavam do seu destino mostravam o que para ela seria a visão mais perto do Inferno que alguma vez vira. Uma sala repleta de pessoas amarradas a macas verticais cercadas por um mar de chamas como se estivessem à espera da sua vez de serem consumidas pelo fogo. Não havia gritos por isso suponha que tivessem sido drogados antes do inicio do incêndio. Podia existir outra razão mas afastou-a por completo. Não queria sequer imaginar que já poderiam estar todos mortos.
  Juntou todas as suas forças como à muito não fazia e desferiu um golpe seco e brutal no centro da janela. Um conjunto de veias formou-se no vidro à volta da sua mão como a criação de uma teia e com um segundo golpe exatamente no mesmo local estilhaçou-o.
  Ao entrar deu-se uma nova explosão que a projetpu alguns metros para longe.
  - M-Marechal...
  Uma voz fraca sobressai entre aquele cenário. Olhando em volta Sam encontra uma rapariga que costumava pertencer ao seu grupo de órfãos.
  - Meu Deus, estás bem? Não te mexas eu vou tirar-vos daqui.
  - Marechal ouça-me... Não há tempo.
  - Eu sei, isto vai desabar a qualquer momento por isso é que precisamos fugir depressa.
  Um sorriso desmaiado forma-se nos lábios da rapariga:
  - Obrigado por ter vindo por nós mas já não há nada que possa fazer. Já estamos todos mortos.
  O choque abate-se sobre a antiga Chefe Supremo. Mais uma vez chegara tarde demais e por sua culp mais vidas seriam tomadas.
  - Não se culpe Marechal. Significa muito para nós ter vindo até aqui. Há muito tempo que já nos tinha salvo.
  - Mas...
  - Temos apenas um último pedido... Salve o Kenji. Ele sempre foi o que precisava de ser salvo mais vezes. Leve-o e dê-lhe um bom sermão por nós.
  O seu olhar automaticamente percorreu a sala. Do outro lado do laboratório estava a maca que continha o rapaz a quem dera o nome de Kenji. Ainda relutante em deixar para trás a rapariga foi brindada com o sorriso mais pacifico e puro que conhecia. Um sorriso que indicava que aquela alma estava em paz e pronta para seguir viagem.
  Correu até Kenji engolindo todas as suas emoções, não iria desrespeitar o último pedido das suas crianças. 
  Encontrava-se inconsciente mas vivo. Não fora dificil rebentar as correias que o prendiam e sem grande esforço lançou-o para o seu ombro. Estava mais magro do que se lembrava e mais mal estimado também.
 - Prometo que vou vingar-vos. Nem um daqueles vermes vai sobreviver para contar a história ou eu não me chamo Sam.
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