34 – Numa noite de lua cheia! Não, espera…
Estava uma bela noite de lua cheia quando
alguém nos veio bater à porta. Era Brook, o professor de música da escola a
chamar-nos para uma reunião por causa de alguns alunos problemáticos. Começava
a parecer que a escola não fazia nada sem nós. A Cátia não se importava com
isso visto que já foi delegada de turma e secretária nas outras escolas onde
andamos antes, mas aquilo já começava a irritar-me um bocado. E porque raio
tinha de ser à noite? Não havia tempo durante o dia? Que raiva.
Chegamos à sala de professores e todos eles
estavam sentados na mesa central, mas havia alguma coisa errada com aquele
lugar. As luzes estavam apagadas e a única iluminação que havia era a da lua
que iluminava a sala através da janela que estava ao fundo da sala atrás do
diretor.
Os olhos de todos eles tinham um brilho
estranho, provavelmente por causa da lua, mas começava a tornar-se perturbador.
Eu só queria sair dali, mas não podia deixar a Cátia sozinha. Ela parecia não
reparar naqueles pormenores aterradores.
Todos os professores, incluindo o diretor,
estavam sentados da mesma maneira. Costas direitas e mãos em cima da mesa com
os dedos entrecruzados. A expressão de Brook por algum motivo era a única que
estava diferente, ele continuava animado como sempre.
Aquela reunião estúpida estava a tornar-se
interminável. Nenhum deles estava a ser direto com o assunto, e porque é que
raios ela não vê que alguma coisa está mal?
A certa altura algumas nuvens passaram
tapando a luz da lua. Foi aí que tudo começou a piorar. Apesar de não haver
nenhuma luz a iluminar o local os olhos deles continuavam a brilhar e durante
alguns segundos pareciam estar todos a olhar para mim. Tentei falar, mas a
minha voz não saía.
Naquele momento Brook passou-me um pedaço de
papel com algo escrito nele:
“Desculpa Ana-san, eles precisam de comer.”
Olhei para ele como que a perguntar o que era
aquilo e tudo o que pude ver foi as sombras do que pareciam ser os nossos
professores a atacar a Cátia como animais esfomeados. Tentava mover-me para a
ajudar, mas alguma coisa me estava a paralisar enquanto a mesa onde aquela cena
horrível se passava Brook tocava a música “Brinks’ Sake” num tom terrivelmente
sombrio e melancólico.
De repente uma porta fechou-se à minha
frente. Eu ainda estava sentada naquela cadeira, e quando olhei para cima vi
que aquela era a porta da sala de culinária.
Era óbvio que aquele era o pior lugar onde
estar naquela situação, pois aquela sala tinha todos os materiais de cozinha
necessários para cozinhar qualquer prato. Eu não fazia a mínima ideia do que
estava a acontecer e ainda por cima tinha deixado o telemóvel no quarto. Não
podia pedir ajuda a ninguém.
Para meu espanto quando abro a porta vejo
Sanji-sensei encostado a uma janela a fumar um dos seus cigarros enquanto
olhava para o horizonte. O que mais me confundia era que do lado de fora da
janela brilhava um lindo sol da tarde. Por alguma razão não estava mais assustada,
mas continuava sem entender o que tinha acabado de acontecer nem conseguia
acreditar no que tinha visto antes.
Sem que eu percebesse Sanji já estava a
abraçar-me como fazia sempre que me via. Aquele gesto acalmou-me tanto que me
fez chorar.
- O que aconteceu Ana-chwan? Aconteceu alguma
coisa? – Perguntou-me ele com um ar preocupado.
- Não foi nada. – Tentei secar as lágrimas e
voltar a mim. – Só não sei da Cátia-chan.
- Hum… – Sanji levou a mão ao queixo com um
ar pensativo. – Acho que te posso ajudar um pouco.
- A sério?
Naquele momento fiquei tão feliz que as
minhas lágrimas voltaram. Ele foi até ao frigorífico e trouxe consigo uma
bandeja coberta que parecia ter algo bem grande dentro. Eu não estava a ver
onde é que aquilo me ia ajudar a encontrar a senpai, mas mesmo assim fiquei
para ver o que era aquilo. Ele colocou a bandeja na sua bancada e afastou-se.
- Podes abrir Ana-chwan. Tenho a certeza de
que te vai ajudar um pouco. – Disse ele com um sorriso brilhante nos lábios.
Sem perguntar nada eu apenas fiz o que ele
mandou.
Quando a minha mão tocou a tampa fria que
cobria a bandeja o meu coração pulou e um sentimento nostálgico preencheu-o.
Fui levantado a tampa devagar até que
finalmente a tirei por completo e pude ver o que a bandeja continha. Enquanto
os olhos de Sanji voltavam a ter o mesmo brilho que os do Sanji que encontrei
na outra sala e uma música nostálgica voltava a tocar.
Ali estava ela, dentro da bandeja apenas
apoiada pelo pescoço degolado sobre uma imensa possa de sangue que começava a
verter para fora, a olhar para mim com um sorriso sarcástico estava a cabeça da
minha senpai.
- Porque é que me deixas-te sozinha Ana-chi?
Sim. Aquela cabeça tinha acabado de falar, e
não apenas isso. Após ter proferido aquelas palavras apenas gargalhadas insanas
e doentias saíam daquela boca. Poucos segundos depois já os restantes
professores lá estavam também.
Aquelas gargalhadas misturadas com aquela
música estavam a levar-me à loucura.
De um momento para o outro já não estávamos
naquela sala ensolarada e quente, mas sim na rua e chovia. Todos se preparavam
para me atacar como tinham feito com Cátia e eu não podia fazer nada para
impedir o que iria acontecer a seguir. Quando eles estavam prestes a adentrar
os seus dentes na minha carne tudo desapareceu.
Tinha acabado de acordar, no quarto da
“escola de intercâmbio” para onde o pai de Cátia nos tinha mandado há um mês atrás,
com um jato de água na cara e aos gritos.
- Porra já não era sem tempo. – Disse Cátia
com um ar deveras irritado. – Tencionavas ficar aí aos gritos durante quanto
tempo?
- Senpai! – Agarrei-me a ela a chorar. – Estás
bem.
- É claro que estou bem. Tu é que não tarda
vais estar mais molhada do que já estás.
- Desculpa senpai. – Por alguma razão as
minhas lágrimas não paravam. – Eu nunca mais te vou deixar sozinha.
- Do que é que estás a falar? – Ela olhou
para mim com um ar confuso e irritado. – Vai mas é dormir.
- Deixa-me dormir contigo senpai.
- Estás doida? Eu não sou como a tua fogueira
particular.
- Mas eu tenho de te proteger…
- Não era eu que devia dizer isso? –
Resmungou a senpai irritada.
Naquele momento alguém bateu à porta e Cátia
levantou-se para a ir abrir.
- Não senpai eu vou.
- Ok. Quem sou eu para te impedir?
As minhas pernas tremiam tanto que pareciam
esparguete, mas mesmo assim fui até à porta. Armei as minhas garras e abri um
pouco a porta sem as mostrar. Do outro lado estava a responsável pelo
dormitório, veio apenas queixar-se do barulho. Fiquei tão aliviada que não
consegui conter um suspiro de alívio. Depois de lhe explicar a situação e de
lhe pedir desculpas ela foi-se embora.
Finalmente tinha acabado. Foi tudo só um
sonho.
Mesmo sem autorização tomei a minha forma de
gato e deitei-me encostada às costas da senpai. Não demorou muito até eu conseguir
voltar a dormir outra vez.
0 Comentários de "Capitulo 34 Mugiwara Academy"
Obrigado por comentarem. O Jornal Anime agradece. Estão no meu kokoro o.<