53 – Vingança
O sangue escorria
pelas mãos trémulas de Hatanne que segurava o corpo inerte contra si. O calor
ia se esvaindo e aquele cadáver, antes uma pessoa querida para eles, jazia
agora morto, sem vida, como um lembrete para relembrar a infelicidade da vida.
*Momentos antes*
As armadilhas em
volta da escola afastavam a maioria dos inimigos mas havia sempre aqueles que
conseguiam passar. Como se não bastasse o facto dos oponentes serem crianças só
os incentivava mais ainda. Muitas vezes arrependiam-se de os subestimar nem
tudo é perfeito.
Anne comandava os
colegas com ajuda de Hinaichigo e até àquele momento tinham conseguido evitar
grandes baixas. O que não esperavam é que um dos que haviam conseguido passar
trouxesse consigo uma granada.
O primeiro a
aperceber-se é Hatanne que vê o homem aproximar-se por um dos monitores da sala
de controlo. Aflito com as hipóteses do que podia acontecer o rapaz avisa a responsável
e corre para avisar os restantes.
Ignorando o alerta
Hinaichigo ataca o inimigo esperando desarmá-lo.
O estrondo que se
ouve em volta da escola anuncia o pior.
*Agora*
O olhar de puro ódio
ofuscava o que antes era a face inocente de Hatanne. A melhor amiga estava
morta nos seus braços. Ele estava sozinho no mundo. Num mundo que não lhe
pertencia, que ele não compreendia.
- É tudo culpa
deles… - Wyuuko pousa o corpo de Hinaichigo com cuidado e agarra na primeira
arma que encontra. – É culpa daquela cidade. Mas não te preocupes Hina, eu vou
vingar-te!
***
Podia ouvir, e até
sentir, parte do desespero que corria por aquelas ruas. Cada grito como uma
bala a cravar-se na sua alma.
Sentado naquele
pedregulho que antes fizera parte de uma parede, Sam, olhava o horizonte
observando os sinais de destruição que cobriam a cidade. Por muito que sentisse
vontade de chorar a raiva era tão forte que ocultava todos os sentimentos
nobres. Não passara cinco anos a reconstruir a cidade para uns punks quaisquer
chegarem lá e voltarem a destruir todo o seu esforço.
Não precisava de
ser muito esperta para perceber que há algum tempo que estava a ser vigiada. E a
pessoa também já devia ter percebido que tinha sido notada. Parecia que afinal
ter ido para ali, completamente desarmada, até não fora uma má ideia. A presa
mordeu o isco mais depressa do que julgara.
O som de pedras a
rolar no chão acompanhado por passos dava a entender que o inimigo decidira dar
a cara.
Espanto não era nem
de perto a emoção que mais sentia ao olhar para a cara daquele homem à sua
frente.
- Esta é a minha
festa de boas vindas? – A voz dele ecoa pelo espaço num visível tom irónico.
A Informadora nada
responde. Limitava-se a encará-lo com um olhar de morte quase vindo do
submundo.
- Não vais
responder. Depois de tudo o que fiz para te encontrar.
- Sabes, – A mulher
levanta-se sacudindo as calças. – no inicio eu ainda pensei que isto fosse o simples
comportamento de um rafeiro mimado e pau-mandado a tentar impressionar o seu
novo dono, mas depois de ver até onde tiveste o descaramento de chegar percebi
que se calhar, para ti, não é apenas trabalho, é pessoal. A tua pequena
vingança.
- O que te leva a
pensar isso? – O tom irónico dá lugar a uma expressão séria e um tanto furiosa.
- Erik, eu
conheço-te melhor que tu próprio. Podes dizer o que quiseres, a única coisa que
te trouxe aqui foi vingares-te de mim.
- E tu, como és uma
ótima pessoa decidiste entregar-te em troca da tua patética cidade.
Uma gargalhada
contida ecoa da garganta de Sam. O efeito provocativo do “patética” parecia ter
sido totalmente ignorado.
- Achas mesmo que
eu preciso desses joguinhos para defender a cidade? Eles são bem capazes de se
defenderem sozinhos, já são crescidinhos.
- Então porque
vieste até à minha armadilha de propósito? Saudades minhas?
- Não. Estava entediada,
os teus capangas são demasiado fracos. E não vou com a tua cara. Tão simples
quanto isto.
- Fracos? – A veia
que demonstrava a raiva que Erik sentia tornava-se cada vez mais saliente na
sua testa. – Se são assim tão fracos podias ter-nos morto a todos quando me
visitaste. Mas se bem me lembro foste tu que saíste a sangrar.
- Ah, aquilo? Não quis
estragar o momento em que vejo a tua cara depois de todos os teus “fieis
escudeiros” serem mortos pela cidade que atacaste com tanta confiança.
Era visível toda a tensão
no ar. As auras equivalentes que provavam que ambos passaram pelo mesmo, os
olhares há muito cúmplices e agora de lados opostos, furiosos.
- Eu respeitava-te.
- Em que altura? Quando
tentaste matar-me?
- Desta vez não vou
ficar pela tentativa.
- Há tempos que
espero por isso.
#Imagem de Erik na página das imagens.#
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